A HISTÓRIA SECRETA, Donna Tartt
A História Secreta
Este é, sem dúvida, o livro sobre qual mais dificuldade tenho em dar uma opinião até agora. São sentimentos bastante contraditórios que surgem quando penso na obra de Donna Tartt.
Depois d’O Pintassilgo, a autora traz-nos uma história de um crime, que é logo apresentado nas primeiras páginas, mas depois voltamos atrás no tempo. Isto faz com que tenhamos o livro praticamente dividido: o “Livro 1” é o pré-crime; o “Livro 2”, mais ou menos a meio da (robusta!) contagem de páginas, descreve o pós-crime.
Esta estrutura, aleada à forma detalhada e riquíssima que Tartt nos apresenta todo o contexto temporal, espacial e - acima de tudo - sentimental das personagens, transporta-nos com um realismo intenso e por vezes inquietante para o mundo em que o narrador -Richard - habita. Sentimos na pele e nas entranhas a ansiedade, o desespero, a indecisão e quase até o efeito do muito álcool que Richard (e os outros personagens) vai ingerindo em doses absurdas!
No entanto, nem tudo são rosas, e “A História Secreta” peca pelo tamanho e pelo ritmo. Embora, como disse, o detalhe e a contextualização minuciosa enriqueça muito a obra, não há como evitar falar da letargia que assombra o livro em muitas partes, quase nos fazendo desesperar por ação, por evolução. A autora escreve de forma muito capaz e rica, deixando várias respostas no ar ou dando-as de forma subjectiva e, por vezes, fora do tempo de resposta expectável, mas - e isto obviamente é apenas a minha opinião - perde-se muito em reflexões filosóficas e psicológicas que desmotivam o leitor.
É, ainda assim, injusto dizer que a história podia ser contada num terço das páginas ou até que o enredo é simplório! É certo que o tronco da árvore está lá e parece banal, mas Donna Tartt tem a soberba capacidade de lhe dar estrutura e pontilha-lo de ramos e folhas que o embelezam.
A opinião é muito pessoal e, aceitando que este livro pode ser perfeito para muitos, acho que a dita folhagem podia ser bem menor e mais objectiva. Não deixa de ser um óptimo livro, mas não é muito o meu estilo.
NOTA: 7/10
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