HOME BEFORE DARK, Riley Sager

 


Home Before Dark 

Riley Sager, 2020
Editora: Topseller

Este é um caso raro de um livro em que a sua simples classificação como género literário pressupõe fazer spoilers! Thriller é uma classificação segura. Mistério também. Pode ser terror ou não! Pode ser sobrenatural ou não.

Esta obra de Riley Sager remete-nos para o clássico ambiente de casa assombrada, com uma abertura desde logo arrepiante (para quem se arrepia com o género, claro…) a abrir hostilidades, mas sempre com a dúvida a pairar sobre a veracidade de tudo o que se vê (e lê).

Na base de toda a história está a estadia, manifestamente curta e atribulada, de 20 dias de uma família composta por pai, mãe e filha de 5 anos, numa casa familiar, antiga e isolada acabada de comprar. Baneberry Hall, como se chama a casa, tem muitas histórias para contar e muitos segredos para partilhar. E quase todos são assustadores, misteriosos e macabros! Vinte dias volvidos, a família vê-se aparentemente obrigada a abandonar a casa apenas com a roupa que tem no corpo. Alega que a casa é assombrada, tem fantasmas e todo o género de atividades paranormais conhecidas.

O pai da família escreve então um livro que se torna um sucesso de vendas, em que conta os episódios vividos nesses intensos 20 dias.

Home Before Dark tem duas linhas narrativas que se vão alternando. Numa, acompanhamos precisamente esse livro e as histórias assombradas pelo ângulo do pai. Na outra linha, a "atual", a filha da família, Maggie, agora com mais 25 anos, regressa a Baneberry Hall pela primeira vez desde o abrupto abandono e depois de ter herdado a propriedade após a morte do pai.

É esta a atraente e agradável estrutura de todo o livro: acompanhamos excertos do livro pela visão do pai e a recuperação de memórias antigas de Maggie e a sua visão séptica de toda a realidade narrada nessa obra. Isto porque a protagonista guarda grande ressentimento pelo pai e pelo livro que, embora tenha proporcionado riqueza monetária a toda a família, condicionou-lhe a juventude e a vida social.

Depois de um início algo lento, o ritmo torna-se quase frenético, muito devido a capítulos curtos que facilitam a leitura e o entrosamento com o mistério, saltando temporalmente numa ligação quase perfeita entre eventos/pessoas/objetos de há 25 anos atrás, abordados no livro, e o cruzamento de Maggie com os mesmos na linha temporal atual.

Assim, abrimos com Maggie uma quantidade de portas na intrigante e assustadora casa e no enredo do livro escrito e contado pelo pai, descobrindo com ela o que realmente era verdade e o que era ficcionado.

Sem dúvida uma experiência pouco usual a que Home Before Dark proporciona, a de nos possibilitar ler dois livros ao mesmo tempo, porque na verdade estamos a ler um livro dentro de outro livro. A trama desenrola-se com um ambiente muito bem arquitetado e pontos altos como o contacto dos protagonistas com outras personagens nas duas linhas temporais mas com mais duas dezenas e meia de anos.

Os “pseudo” sustos (ou não…) sucedem-se e resultam (ou não…) dependendo se o leitor é crente na versão paranormal ou na racional.

O livro é a típica obra que depende muito do seu desenlace e da explicação para os episódios aparentemente inexplicáveis que vão sucedendo ao longo das páginas e das duas linhas temporais. A resolução acaba por agradar a quem torce pelo desfecho sobrenatural ou pelo mais “terreno”, ainda que a motivação de algumas personagens para determinadas ações seja, por vezes, algo forçada. No entanto, esta é uma característica muito difícil de evitar em obras (filmes, livros, séries…) em que se criam tantos mistérios aparentemente inexplicáveis.

Home Before Dark é a primeira obra que li de Riley Sager e agradou bastante! Não é intelectualmente desafiante, não nos faz refletir, mas nem todos os livros têm a obrigação de nos tornar melhor pessoas!

Lê-se bem, lê-se rápido, intriga, entretém e satisfaz.

O livro foi o segundo mais votado da categoria de Mistery & Thrillers de 2020 no Goodreads e li-o na versão inglesa por ainda não existir versão portuguesa, embora a Topseller já tenha editado dois livros de Riley Sager.

NOTA: 7/10




  


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