O ENIGMA DO QUARTO 622, Jöel Dicker
O Enigma do Quarto 622
Jöel Dicker
Editora: Alfaguara
Não se esqueçam de respirar! É este o conselho que tenho a dar a quem vai mergulhar nesta magnífica obra de Jöel Dicker.
O escritor suiço consegue aqui criar uma rede de histórias, de personagens, de ligações e relacionamentos em que, após o primeiro mergulho, é quase doloroso vir à tona. O tamanho do livro pode até ser dissuasor - foi para mim por uns tempos - mas não se assustem. Preparam-se para sentir o tempo a passar com uma enorme facilidade, num dos livros mais “absorventes” que tenho lido.
Dicker cria, como poucos, uma quantidade de mistérios impensável que levita à volta do mistério maior, de uma forma inteligentíssima! Exemplo disso é a ligação entre capítulos e subcapítulos que nos impede quase fisicamente de parar. Porque está literalmente tudo ligado!
A escrita é simples e muito agradável desde o início, com uma caracterização exaustiva das personagens - e suspeitos - que enriquece muito o contexto da história, sem ser maçadora. Aliás, numa obra tão extensa não me lembro do ritmo ser lento ou aborrecido. Antes pelo contrário: é um frenético desenrolar de acontecimentos e revelações que nos puxa cada vez mais para o fundo.
No entanto, o maior trunfo de “O Enigma do Quarto 622” é a forma perspicaz com que o autor brinca com as linhas temporais! Saltamos para a frente e para trás com uma facilidade e uma naturalidade admirável, saboreando, camada após camada, toda a complexidade de um enredo brilhantemente montado
Como se não bastasse, este é um livro muito interessante por ser, ele próprio, sobre o processo criativo dos escritores, havendo uma história dentro da história, com o próprio Jöel Dicker a ser uma personagem autobiográfica que presta uma emocionante homenagem ao seu recém falecido e mítico editor.
Até ao último terço pensei que ia ser um 10 em 10, mas confesso que valorizo muito a resolução de mistérios que são deixados no ar e a sua respectiva resolução e conclusão, sobretudo quando se tratam de thrillers/policiais. E aí, sem spoilers, vamos dizer que não foi perfeito. Ainda assim, isso tirou muito pouco do extraordinário prazer que foi ler este livro.
Nota 9/10

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