A Rapariga Que Sobreviveu
Leslie Wolfe
Editora: Alma dos Livros
Leslie Wolf regressa para a 2ª toma desta saga de policiais com Tess Winett
numa obra bem mais envolvente e empolgante que o 1º livro da saga, “A Rapariga
Sem Nome”.
Feitas as apresentações nessa obra inicial, reencontramos a agente por
quem, não obstante o seu claro mau feitio, é muito fácil sentirmos simpatia,
solidariedade e, muitas vezes, também pena! Tess arrasta consigo uma bagagem
bem pesada e desconfortável que tenta aliviar aos poucos e a autora vai-nos
dando mais alguns vislumbres da mesma, que valoriza muito a complexidade da
personagem e a relação do leitor com ela.
A “A Rapariga Que Sobreviveu” tem algo que não é fácil encontrar em livros
que é o facto de nos agarrar logo nas primeiras páginas com uma estrutura
inteligente. A escritora serve-nos um horrendo crime narrado na 1ª pessoa pelo
próprio assassino; reintroduz-nos a Winnet e à sua complicada rotina
profissional, social e relacional depois dos eventos do primeiro livro da saga;
e elabora um enredo que permite a entrada de um interessante terceiro
personagem que é um outro serial killer no corredor da morte e
perto da sua execução.
É impossível não recordarmos “Silêncio dos Inocentes” e a extraordinária
dinâmica Clarice/Hannibal, onde claramente Wolf vai beber, presenteando-nos com
momentos de tensão quase palpável e um mergulhar analítico na mente dos serial
killers em geral e dos retratados no livro em particular.
Durante a história há uma inquietante relação do assassino connosco,
através de um monólogo que nos coloca questões e desafios diretos e é assim que
o enredo se vai complicando com a escritora a lançar-nos pistas para o caminho,
umas correctas outras falsas, que fermenta a ansiedade pelo final e pela
resolução do mistério.
Sobre a entidade do culpado, e sua respectiva menor ou maior
previsibilidade, não me vou pronunciar para não estragar um enredo bem
elaborado, mas adianto que considerei inovadora a forma como a escritora tece e
desata esse nó.
Um livro relativamente pequeno e fácil de ler, emocionante, viciante e que
marca um aumento de qualidade na (ainda curta) saga da agente Tess Winnett.
NOTA: 7/10
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