SEGREDO MORTAL, Bruno M. Franco
𝚂𝚎𝚐𝚛𝚎𝚍𝚘 𝙼𝚘𝚛𝚝𝚊𝚕
Bruno M. Franco
Cultura Editora
Os livros têm “obrigação” de nos entreter, distrair, fazer sonhar e viajar, mas também reflectir. Por vezes aparecem obras que nos abrem novas perspectivas sobre coisas simples e quotidianas. E muitas vezes essas novas perspectivas não são, necessariamente, agradáveis.
Segredo Mortal, a par de outras coisas, consegue isso: fazer-nos olhar para algo tão "banal" como o vento, a chuva, o frio, o calor...e sentir uma certa inquietude. E, obviamente, questionar-nos se tudo o que lemos tem fundo de verdade.
Bruno M. Franco pega numa conspiração (ou várias!) a nível mundial mas com o epicentro na zona de Lisboa precisamente centrado no clima e personifica-as num conjunto de personagens bem reais, que vão ver as suas vidas afetadas por todo um conjunto de interesses e ações de bastidores.
O livro consegue incutir um ritmo quase alucinante desde praticamente o início até ao fim, agarrando-nos com uma intensidade pouco usual. As pistas, revelações e os mistérios vão-se sucedendo e, se é certo que há algumas coincidências um tanto forçadas (que é bastante usual em histórias com enredos tão densos e emaranhados), também é mais que justo admitirmos esses pequenos percalços em prol de uma história tão emocionante e envolvente.
Obviamente este não é o livro perfeito e isso nota-se sobretudo nos diálogos, algo artificiais em alguns casos. Um casal de namorados de 22 anos não usa entre si expressões como “...creio que é vital...” ou “...o que continha a pasta…”; nem uma pessoa usa linguagem tão técnica e formal em extensas explicações numa conversa com outro parceiro que já conhece há anos. Por outro lado, por vezes surgem detalhes pormenorizados de certas situações que são manifestamente desnecessários. Em certos casos, a subjectividade chega para provar que o escritor está bem informado sobre determinada matéria.
Mas Segredo Mortal é claramente um bom livro, que nos leva para um final ambicioso e nada previsível, com bons twists que vão adiando o verdadeiro fecho da história.
Foi uma agradável surpresa no panorama nem sempre feliz dos policiais portugueses.
NOTA: 7/10

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