TODA A LUZ QUE NÃO PODEMOS VER, Anthony Doerr



Toda a Luz que Não Podemos Ver    


Anthony Doerr Editorial Presença Anthony Doerr arrasta-nos, desde as primeiras páginas, para um caminho acidentado e íngreme que desce, lentamente, para aquilo que sabemos ser um penhasco. Sentimos desde cedo que a tragédia vai acabar por chegar, por muito pouco que conheçamos a história da 2ª Guerra Mundial. Pior: olhamos para o lado e vê-mos que os nossos companheiros de jornada são: uma rapariga cega de um país que sabemos que vai ser ocupado e vai sofrer as respectivas consequências; e um rapaz órfão da Alemanha nazi, vítima da inevitabilidade política e bélica do seu país. Quem não leu o livro olha para estes dois primeiros parágrafos e (legitimamente) diz: um compêndio de clichés e “tearjerkers” em catadupa! Não podia ser mais errado. “Toda a Luz que Não Podemos Ver” é uma extraordinária obra, com uma escrita riquíssima (vénia à arte do tradutor português Manuel Alberto Vieira @mthealeph) mas fluida, floreada mas concisa que transforma, por exemplo e páginas tantas, um episódio em que não se passa rigorosa e literalmente nada (!) em minutos de prazer e ansiedade. Clichés, nem vê-los! Pelo contrário, fica um dissabor para os mais adeptos do romantismo porque seria muito fácil transformar esta numa história de amor fugaz e banal. Doerr, que tem apenas um outro livro escrito (!!!), se exceptuarmos os contos, escreve algo absolutamente distinto, alternando entre duas linhas temporais e entre a visão das duas personagens principais citadas e, muito raramente, entre a visão de mais alguma personagem com importância vital para o enredo. Não esperem mais um livro para a colecção dos que se focam em campos de concentração ou em sofrimento atroz das vítimas de guerra. Esperem, sim, um grande livro que emociona e agarra em todas as suas páginas. NOTA: 9/10

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