ANTES DE ADORMECER, S. J. Watson
Antes de Adormecer
Existem histórias que nos chegam, seja em que formato for, que são como estradas em fracas condições. São irregulares, aqui e ali têm os seus inoportunos buracos, mas todos esses contratempos pouco afetam o prazer que se está a ter na viagem. “Antes de Adormecer” é uma viagem quase electrizante, com um ritmo constante e viciante em que o ideal é realmente não parar e olhar pela janela. Aí, é inevitável não nos depararmos com coisas menos positivas, percalços narrativos mas que - pelo menos a mim - não me tiraram o “gozo” muito positivo desta leitura. Chamem-lhe “guilty pleasure”, se quiserem.
S.J. Watson apresenta-nos um enredo que parece, confesso, bastante rebuscado. Uma mulher - Christine - que perde quase toda a memória enquanto dorme. Quando acorda de manhã não se lembra dos mais recentes anos da sua vida nem sequer quem é o homem que está ao seu lado ou a casa em que vive. Fidedignidades clínicas e científicas à parte, a verdade é que esta estranha base do enredo aguça-nos a curiosidade e a escrita vai-a aumentando com uma estrutura bem delineada em que personagem vai acumulando, de dia para dia, camadas de conhecimento que obtém através da leitura do diário que vai escrevendo para si própria e que religiosamente lê a cada novo dia. Surgem depois muitos dúvidas sobre o passado, as pessoas que a rodeiam e até sobre o episódio que a levou até ao estado actual. A obra transforma-se então num enorme mistério com várias ramificações, em que vamos, juntamente com Christine, juntando peças e colocando-as no complexo puzzle do passado e do presente.
Sim! Como disse no início nem tudo é perfeito e há coisas menos verossímeis, coincidências um pouco forçadas (qual o thriller que não as tem?!) mas por vezes temos de fechar os olhos (o cérebro?) a determinados pormenores e tirarmos partido das muitas coisas positivas. Sei que muitos não gostarão de o fazer, sei que muitos não ficarão, por exemplo, satisfeitos com o final, mas para mim “Antes de Adormecer” foi muito prazeroso e viciante e, não sendo perfeito, foi um tempo muito bem passado.
NOTA: 7/10

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